Ministério Público denuncia 31 pessoas por preconceito racial

Promotor diz que é difícil responsabilizar os acusados com maior poder aquisitivo FONTE: Site do Correio Braziliense Depois de passar pela Polícia Civil, os casos de racismo e de injúria racial são encaminhados ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). O principal objetivo do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED) é dar celeridade aos processos e, depois de ouvir vítimas e testemunhas, responsabilizar os acusados. Somente este ano, 31 pessoas foram denunciadas pelos crimes. Nove delas na última semana. Responsável pelo NED, o promotor Thiago Pierobom afirma que o número de casos é ainda maior, já que muitos agressores não podem ser denunciados, pois, ao longo do processo, não há testemunhas que confirmem o crime. Com isso, faltam provas suficientes para que a denúncia seja feita. Outra dificuldade, segundo o promotor, é a responsabilização, em alguns casos, de pessoas com poder aquisitivo maior (Leia artigo na página seguinte). Em outras situações, o preconceito é tão subjetivo que a vítima prefere não prolongar —, mas com plena consciência do crime. Delegado de polícia e professor de direito penal, Ailton Rodrigues, 42 anos, participou de algumas investigações de racismo desde que ingressou na PCDF, há oito anos. Negro, ele não esconde que também passou por casos de preconceito. “Acontece de forma velada, pois, muitas vezes, ligam o negro com insuficiência financeira. Em uma concessionária, o vendedor olha e fala que os carros usados estão do outro lado”, conta. Mas, para ele, a melhor forma é demonstrar o conhecimento e o lado cultural. “Não podemos tratar deselegância com deselegância. O maior combate é a denúncia. A pessoa não pode se acomodar. Deve registrar ocorrência”, afirma o investigador. Sem pagamento O taxista Wagner de Sousa, 40 anos, também foi vítima de racismo. Mas, no caso dele, a situação não teve nada de velada. A vítima foi xingada depois de fazer uma corrida com duas passageiras, do Guará até a Asa Sul. Uma das mulheres se negou a entregar o valor total da corrida (R$ 48). A mulher acabou presa, mas liberada depois de pagar fiança. Até hoje, o taxista não recebeu a quantia da corrida.